A fundadora da EmeElle é uma artista visual que aos 76 anos, distribui seu tempo entre a equipe de criação da marca, seu atelie e exposições de arte pelo pais.
“Virtude plúmbea
Passo por passo:
Eu morro ontem
Nasço amanhã
Ando onde há espaço:
– Meu tempo é quando
(Poética, 1950 – Vinícius de Moraes)
Tempo Quando é paisagem interior em estado de sublevação. Encontros e
colisões de matérias e substâncias que a artista Marilde Stropp agencia com
desenvoltura de alquimista ao fotografar, prensar, pintar, costurar, rasgar,
tecer, amassar e, por fim, verter em substrato poético o papel, o tecido, o
carvão e o chumbo.
Em seu laboratório de múltiplas possibilidades simbólicas, a artista promove
esses pontos de contato entre corpos díspares. Num movimento pendular e
incessante de harmonizações e embates tensos, espocam impetuosamente de
suas obras texturas, fendas, cicatrizes, aventuras gris e pontos de luz onde
outrora habitava o mais denso dos negrumes.
Marilde perfaz um circuito de experimentações que conduz a criação de uma
escrita poética singular e pulsante, análogo ao processo terapêutico de
autoconhecimento. A vida moldada em chumbo, metal correspondente ao
planeta Saturno, relacionado com as frações do tempo, da densidade e do
peso. A têmpera da existência. Virtude plúmbea.
Nesse caleidoscópico Tempo Quando as obras suscitam o desassossego
daquilo que está em incessante movimento. O quadro não se estabiliza diante
dos nossos olhos, não se acomoda em molduras e espaços limitantes. Tudo
está porvir. Essas imagens, livros de artista e esculturas foram flagradas a
meio caminho de vir-a-ser. Potência de transformação em estado bruto. Desejo
de vertigem. A soma dos dias, dos afetos, dos temores, dos prazeres e da
consciência da irreversibilidade do tempo encapsulada em obras que nos
arrebatam e nos questionam: Tempo Quando.”
Eder Chiodetto
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